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quinta-feira, 28 de maio de 2015


GONÇALVES DE MAGALHÃES

Autores: Anderson Moraes, André de Siqueira, Elaine Peres, Flávia Araújo, Ila Borges e Tiago dos Reis


Tendo em vista que Gonçalves de Magalhães é o precursor do Romantismo brasileiro com seu livro Suspiros Poéticos e Saudades, anunciando a revolução literária romântica, mesmo não demarcando as principais características românticas, esta obra inicial demonstrava a crítica do autor à imitação aos clássicos, inspirando a poesia voltada para a natureza, os sentimentos e a Deus e propondo maior liberdade na criação, como elucida o próprio autor apud Cereja (2010):

“Quanto à forma, isto é, a construção, por assim dizer, material das estrofes, e de cada cântico em particular, nenhuma ordem seguimos; exprimindo as idéias como elas se apresentaram, para não destruir o acento da inspiração.” (p. 59)

Pareceu de total importância analisar a marca deixada por ele na literatura nacional.
Magalhães era natural do Rio de Janeiro, formado em Medicina, seguiu para a França onde fundou a revista Niterói com Porto Alegre e Torres Homem. Voltando para o Brasil colaborou na campanha em favor do teatro brasileiro, tendo também lecionado como professor de Filosofia no colégio Pedro II. Enveredou-se também no campo político. Entrou em atrito com José de Alencar a respeito da obra Confederação dos Tamoios. Teve muito prestígio recebendo o título de Visconde de Araguaia e faleceu em Roma no dia 10 de julho de 1882.
O poema escolhido para a análise temática e estrutural, fora Napoleão em Waterloo, por ter impulsionado o Romantismo do autor, diante da Revolução Francesa, tornando – o a sua obra prima.

ANÁLISE TEMÁTICA
Em uma viagem para Waterloo, Magalhães encantou-se pela histórica batalha ocorrida na cidade, conhecida como a última batalha de Napoleão Bonaparte, ocasionando a sua derrota. Napoleão é uma figura histórica, conhecido como um desbravador, e pelas lutas por novas conquistas territoriais em prol dos interesses franceses. Sua tática de domínio é utilizada até hoje pelas principais forças militares.




Todo o temperamento lírico do autor Gonçalves de Magalhães, emana do poema Napoleão em Waterloo, com seu tom declamatório e o transbordamento do eu. Assim, o autor utiliza um tom de devoção a Napoleão comparando – o á figura divina como na estrofe:
Jamais, jamais mortal subiu tão alto!Ele foi o primeiro sobre a terra.Só, ele brilha sobranceiro a tudo,Como sobre a coluna de VendômeSua estátua de bronze ao céu se eleva.Acima dele Deus, - Deus tão somente!

Bem como, o heroísmo apesar da derrota, como em:
Aqui morreram de Marengo os bravos!Entretanto esse Herói de mil batalhas,Que o destino dos Reis nas mãos continha;Esse Herói, que coa ponta de seu gládioNo mapa das Nações traçava as raias,Entre seus Marechais, ordens ditava!O hálito inflamado de seu peitoSufocava as falanges inimigas,E a coragem nas suas acendia.


O poema é cheio de entusiasmo e euforia deixando o aspecto melancólico de lado, que se faz presente em outras composições de sua obra.
Fato demarcado na estrofe:
Da Liberdade foi o mensageiro.Sua espada, cometa dos tiranos,Foi o sol, que guiou a Humanidade.Nós um bem lhe devemos, que gozamos;E a geração futura agradecida:NAPOLEÃO, dirá, cheia de assombro.


O saudosismo aparece de forma grandiosa quando o autor descreve épocas gloriosas com nacionalismo e doses de cavaleirismo.
Assim, essa obra admirável demonstra presença marcante da expressão, ou seja, a vivacidade e manifestação dos sentimentos. O que leva Magalhães a explorar as capacidades da lira, sons e melodias variados, com notável harmonia, exibindo bons resultados.

ESTRUTURA DO POEMA

Gonçalves de Magalhães inovou na proposta teórica para o Romantismo nacional, porém na forma ainda seguia certos padrões clássicos.
O poema Napoleão em Waterloo é composto por versos brancos que não mantém forma regular. Com predominância de versos decassílabos.
A maior parte do poema é composta de metáforas, “a alteração do sentido de uma palavra ou expressão, pelo acréscimo de um segundo significado, havendo entre eles uma relação de semelhança” (CUNHA, 2013, p. 358) como na primeira estrofe:

Eis aqui o lugar onde [eclipsou-se][O Meteoro] fatal às régias frontes!
E nessa hora em que a glória se obumbrava,Além o Sol em trevas se envolvia!Rubro estava o horizonte, e a terra rubra!Dous [astros] ao ocaso caminhavam;Tocado ao seu zenite haviam ambos;Ambos iguais no brilho; ambos na quedaTão grandes como em horas de triunfo!

Hipérboles, “exagero da expressão de uma idéia” (idem, p. 365):

Waterloo! ... Waterloo! ... Lição sublimeEste nome revela à Humanidade!Um [Oceano de pó, de fogo, e fumo]Aqui varreu o exército invencível,Como a explosão outrora do VesúvioAté seus tetos inundou Pompéia.

Onomatopéias, “palavras imitativas, isto é, as que procuram reproduzir aproximadamente certos sons ou ruídos” (idem, p. 366):

Sim, aqui stava o Gênio das vitórias,Medindo o campo com seus olhos de águia!O infernal [retintim] do embate de armas,Os trovões dos canhões que [ribombavam],

Personificação, ou prosopopéia para “atribuir características humanas a seres inanimados ou irracionais” (idem, p. 365):                      
 
Oh! por que não venceu? — Fácil lhe fora!Foi destino, ou traição? — [Águia sublime]Que devassava o céu com vôo altivoDesde as margens do Sena até ao Nilo![Assombrando as Nações coas largas asas],
Por que se nivelou aqui cos homens?

Sinestesia, a fim de, “transferir percepções de um sentido para o de outro, resultando um cruzamento de sensações” (idem, p. 359):

[O sibilo das balas que gemiam].
O horror, a confusão, gritos, suspiros,[Eram como uma orquestra a seus ouvidos]!
Nada o turbava! — Abóbadas de balas,Pelo inimigo aos centos disparadas,A seus pés se curvavam respeitosas,Quais submissos leões; e nem ousandoTocá-lo, ao seu ginete os pés lambiam.

Comparação ou símile para: “estabelecer um confronto entre dois termos da oração, a fim de ressaltar a semelhança entre eles.” (idem, p. 357), em sua maioria, com a presença dos conectivos: como, tal como, tal qual, assim como, que nem. Porém no trecho a seguir do poema:
Pela última vez coa espada em punho,Rutilante na pugna se arremessa;[Seu braço é tempestade, a espada é raio]!...
Mas invencível mão lhe toca o peito!É a mão do Senhor! barreira ingente;Basta, guerreiro, Tua glória é minha;Tua força em mim stá.  Tens completadoTua augusta missão. — És homem; — pára.Eram poucos, é certo; mas que importa?


As características apresentadas sobre o poema, de acordo com o crítico Moisés (2012), são insuficientes para aclamar Magalhães, mas tornou- o mestre dos próximos românticos, que seguiriam o caminho de bom lirismo.

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