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sexta-feira, 3 de junho de 2016 0 comentários

A Proposta e Aplicação da Língua Inglesa No Ensino Médio

Autores:
Ana Paula da Silva Ferreira  RA:B75AJE-2
Beatriz Maria de Souza  RA:B83AHB-7
Glízia Paulo de Menezes  RA: B694FD-0
Marina Cassiano Pinto Palumbo  RA: B7624A-0
Tiago dos Reis  RA: B4094G-8


 A Proposta e Aplicação da Língua Inglesa No Ensino Médio

 INTRODUÇÃO

            O objetivo deste trabalho é apresentar e discutir o entendimento de futuros professores de língua inglesa em relação ao letramento críticos e a práticas de linguagens multimodais, assim como analisar as práticas de ensino adotadas em um ambiente escolar de língua inglesa através da aplicação das teorias surgidas do letramento crítico, em uma tentativa de observar possíveis resultados desse processo na formação de alunos autônomos, críticos e socialmente ativos.
            Os resultados da análise mostraram que o letramento crítico constitui um passo inicial na formação crítica e no engajamento dos alunos com questões de cunho social, além de constituir claramente uma estratégia de motivação considerando as aulas de língua inglesa.
            Por outro lado, os resultados também demonstraram que as atividades de letramento crítico por si só não contribuíram de forma efetiva para a realização dos objetivos linguísticos propostos. Tais resultados apontaram para a necessidade de investigações sobre o papel do professor na língua inglesa na promoção do letramento críticos e sobre os obstáculos enfrentados por esse profissional no desenvolvimento das habilidades linguísticas de seus alunos.
DESENVOLVIMENTO

            O Ensino de Inglês como Língua Estrangeira no ensino público no Brasil tem como documento oficial existente mais recente as Orientações Curriculares para o Ensino Médio- Conhecimentos de Línguas Estrangeiras (OCEM-LE) (BRASIL, 2006). A proposta do ensino de língua estrangeira tem como foco a leitura, prática escrita e a comunicação oral, contextualizadas.
            Os profissionais devem se permitir o aprofundamento no estudo das orientações para um trabalho mais sólido na questão metodológica, não trazendo a solução, mas sim reflexões teóricas, levando em consideração a grande influência da globalização. O aluno nos dias atuais, com o acesso a tanta informação e com a tecnologia fortemente presente em sua vida, precisa ser norteado para que saiba usar esse acesso intenso que lhe é dado para o entendimento da proposta da língua estrangeira.

         Mais do que reforçar apenas os valores sociais do momento, valores que são, reconhecidamente, interpretados pelo movimento econômico-cultural da globalização, entendemos que o objetivo de um projeto de inclusão seria criar possibilidades de o cidadão dialogar com outras culturas sem que haja a necessidade de abrir mão de seus valores.  (MATURANA,1999)

            Por fim, o valor global e regional nos incentiva a pensar sobre o modo de vida parecido ou diferente dos que vivem até mesmo perto de nós e o contrário também, que aborda os que vivem em outros países e podem estar aproximados ao modo de vida entre nós. As diferenças vivem bem mais perto do que as pessoas clamam, as regiões são recheadas de diferenças e não necessariamente precisamos sair de nossas cidades ou estados para vivenciar o modo de vida das pessoas e suas diferenças.
            Existe uma dicotomia no ensino da língua estrangeira, levando em conta as diferentes propostas entre uma escola regular e uma escola de idiomas. É de extrema importância que, primeiramente, o profissional saiba diferenciar esses objetivos para que seja possível suprir a expectativa dos alunos.
            De acordo com as OCEM-LE, o objetivo dessa disciplina busca a formação de indivíduos por sua consciência social, criatividade, uma mente sem preconceitos para novos conhecimentos até que seja concretizada uma reforma pessoal sobre o entendimento no pensar e enxergar o mundo. O uso didático-pedagógico não isola essas características citadas. Estimula-se um ensino que se preocupe com uma cultura que permita compreender nossa condição e nos ajude a viver, e que possa favorecer, ao mesmo tempo, um modo de pensar aberto e livre, onde são relacionadas perguntas referentes à cidadania, promovendo uma compreensão e reflexão sobre o lugar que esse aluno ocupa na sociedade e toda uma análise envolvida nessas questões, que não é possível encontrar em uma escola de idiomas. 

 CONTEXTUALIZAÇÃO DO LETRAMENTO CRÍTICO

Antes que se fale em letramento crítico, no entanto, é importante conceituarmos o termo letramento. Segundo Soares (2009, p.18), o termo pode ser entendido como “O resultado da ação de ensinar ou aprender a ler e a escrever; o estado ou a condição de quem adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita.” A autora, na mesma obra, afirma ainda que para checar-se o grau de letramento de um indivíduo, deve-se checar o uso que esse indivíduo faz da leitura e da escrita, assim como as práticas sociais de leitura e de escrita das quais se apropria.
Soares (2009, p.19) ainda faz menção ao trabalho de Justino Pereira Magalhães para apresentar o termo “literacia”, utilizado em Portugal e mais próximo do inglês “literacy”, que seria a “utilização social da escrita alfabética”. Diferente da concepção do termo em inglês, que se refere tanto à nossa concepção de alfabetização quanto às práticas sociais decorrentes dela, a palavra “letramento” apresenta diferenças fundamentais em relação à alfabetização.
Enquanto a alfabetização determina que o indivíduo aprendeu apenas a ler e a escrever, o letramento ocupa-se da apropriação dessas habilidades pelo indivíduo e da incorporação de práticas sociais por elas demandadas.
Street (2010,p.1) pontua que “[..] no Brasil, houve uma objeção à visão estreita da aquisição do letramento – 22 representadas pelo termo alfabetização- e o uso do termo letramento facilitou a referência aos processos envolvendo os usos da leitura e da escrita em situações sociais.” Ao observarmos que o letramento lida com o uso social da leitura e da escrita ou com a condição de quem está socialmente em contato com essas habilidades, é possível compreender que suas práticas são idelogicamente situadas, uma vez que “ determinadas identidades associam-se a determinadas práticas” (STREET, 2010, p.4).
Nessa perspectiva, e considerando que por uso social da leitura e escrita entende-se que “fazer uso de diferentes tipos de material escrito, compreendê-los, interpretá-los e extrair deles informações” ( SOARES, 2009, p.23), faz-se necessário que as práticas de letramento envolvam uma interação do indivíduo com o texto no sentido de identificar questões sociais, históricas e culturais nele presentes, e questionar os discursos dominantes na sociedade da qual faz parte, visando à transformação desse indivíduo local e globalmente.
De acordo com Monte-Mór, todos, através da história, sofremos as influências das predominâncias de pensamentos, crenças, valores.
[...] Aprendemos a valorizar o que era uno/uni e mono; a uniformidade – externa e interna, desde a vestimenta até a maneira de pensar – a visão monolítica e a linearidade −, enquanto um tipo de organização de raciocínio. Enfim, padrões que convergiam para a possibilidade de controle. O que vem caracterizando as últimas décadas, no entanto, vem a ser o fato de que a variedade, a diversidade, a divergência, a pluralidade de crenças, pensamentos, comportamento e valores tornam-se socialmente visíveis. (MONTE-MÓR, 2002, p147-148).

Essa percepção da diversidade em oposição à uniformidade, apresentado pela autora, delineia necessidades que impulsionam a implementação do letramento crítico às práticas de letramento que conhecemos. Segundo Morrell (2002,p.73), o trabalho com a pedagogia crítica implica que “[...] aluno e professor aprendem  um com o outro enquanto engajam-se em diálogos autênticos que são centrados nas experiências da juventude urbana como participantes e criadores da cultura popular.” É possível compreender, portanto, que a educação crítica implica a construção sócio colaborativa do conhecimento, pautada na transformação social e na constante luta contra a opressão e as dificuldades geradas por diferenças histórias, políticas econômicas e culturais.

  CONCLUSÃO

Segundo os conceitos de letramento crítico no ensino de língua inglesa no Brasil e mesmo após o novo enfoque voltado à abordagem comunicativa, ainda assim se manteve um ensino distante de algo que faça sentido para o aluno, pois a língua não é ensinada de forma a abranger a voz do aluno, seus anseios, suas expectativas e leva-lo a participar no processo de aprendizagem, conceitos estes essenciais para um letramento crítico.
Nessa perspectiva atual de alfabetizar letrando, urge que busquemos alternativas para repensarmos em nossas práticas de letramento no contexto escolar/social, trazendo para o ensino propostas que desenvolvam competências e habilidades dos alunos, que além de possibilitarem que os mesmos usem a leitura e a escrita em práticas sociais com autonomia e criticidade, permitam-lhes acompanhar as mudanças e transformações pelas quais a sua sociedade passa, agindo de forma participativa no contexto social em que se inserem, podendo ir muito além ao enxergar uma nova maneira de ver o mundo através do pensamento crítico aguçado e efetivo. Esses alunos serão o efeito de uma possível mudança em suas casas e em suas famílias, oferecendo o conhecimento e o pensamento reflexivo sobre o outro.
Na instituição escolar em que as práticas de letramento estão vinculadas à realidade social, abre-se espaço para a construção de novas identidades como seres críticos. Dessa forma, defendemos projetos de letramento na perspectiva da prática social, sob a ótica da Análise Crítica do Discurso, que desenvolva no aluno a competência de olhar criticamente para a relação das práticas discursivas com as estruturas de poder. O aprimoramento do educando como ser humano, sua formação ética, o desenvolvimento de sua autonomia intelectual e também do seu pensamento crítico, assim como a sua preparação para o mundo do trabalho e o desenvolvimento de competências para continuar seu aprendizado.
O professor de língua inglesa tem como objetivo principal permitir que seus alunos, através dessas aulas, possam se apaixonar pela cultura e que a clareza do entendimento de que todos somos fruto de uma determinada cultura e que nossa família possui uma história, assim como nossa cidade, nosso estado e estendendo ao nosso país e então ao mundo. É necessário quebrar as barreiras do entendimento nas vidas dos jovens adultos, para que eles possam ser a chave da mudança num todo. O mundo não é algo inusitado, ele é a união de todos que aqui vivem, logo, somos um grupo enorme de seres humanos buscando a melhor e mais eficaz maneira de viver.  A tarefa do professor é indicar os caminhos que esses jovens podem seguir para mudar tudo aquilo que desejam, além de ensiná-los a compreender que eles fazem parte de uma sociedade, e que cada um tem um papel dentro dela.

BIBLIOGRAFIA

HEBERLE, V. Multimodalidade e Multiletramento: Pelo Estudo da Linguagem como Prática Social Multissemiótica. In: SILVA, Kleber at al. (orgs.), A Formação de Professores de Línguas: Novos Olhares. Volume II. Campinas, SP: Pontes Editores, 2012, p.83-106.
LANKSHEAR,C, MCLAREN,P. (eds.) Critical Literacy: politics, práxis and the postmodern. Nova Iorque: State University of New York,1993.
LEFFA, V.J. Criação de bodes, carnavalização e cumplicidade. Considerações sobre o fracasso da LE na escola pública. In: LIMA, D.C. (org.) Inglês em escolas públicas não funciona? Uma questão, múltiplos olhares. São Paulo: Parábola Editorial,2011, p. 15-31.
LUKE, A. Two takes on the critical. In: NORTON, B. TOOHEY,K. (eds.). Critical Pedagogies and Language Learning. Cambridge: Cambridge University Press, 2003, p1-10.
MATTOS, A.M.A; VALERIO, K.M. Letramento crítico e ensino comunicativo: lacunas e interseções. Belo Horizonte: Revista Brasileira de Linguística Aplicada, v.10, 2010, p.135-158.
MCLAREN,P. Critical Pedagogy: a look at the major concepts. IN: DARDER, A. BALTODANO, M. TORRES, R.D. (eds.). The Critical Pedagogy Reader. Nova Iorque : Routledge Falmer, 2003, p. 61-83.
SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. 2.ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.
STREET, B. Políticas e práticas de letramento na Inglaterra: uma perspectiva de letramentos sociais como base para uma comparação com o Brasil. Texto baseado na apresentação: Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação-ANPEd:17 a 20 de outubro de 2012, Caxambu, Minas Gerais.
TÍLIO, R. Repensando a abordagem comunicativa: multiletramentos em uma abordagem consciente e conscientizadora. In: ROCHA, C; MACIEL, R.F. (Org.) Língua estrangeira e formação cidadã: por entre discursos e práticas. Campinas: Pontes, 1ªed. 2013, p.51-67.

WEBGRAFIA 

BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Orientações Curriculares Para Ensino Médio. Brasília: MEC, 2006. In: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/book_volume_01_internet.pdf>Acesso em 1 de Maio de 2016.
SANTOS, R.R.P; IFA, S. O letramento crítico e o ensino de inglês: reflexões sobre a prática do professor em formação continuada. São Paulo: The ESPecialist, vol. 34, nº 1, 2013. In: < http://revistas.pucsp.br/index.php/esp/article/viewFile/19231/14311> Acesso em 1 de maio de 2016.

  
 
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