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sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Relatório de Aula- Memórias Póstumas de Brás Cubas

Autores: Glízia Paulo, Beatriz Souza, Marina Palumbo, Ana Paula Ferreira e Tiago Reis
 
INTRODUÇÃO

    Machado de Assis foi um dos maiores escritores brasileiros. Suas obras são conhecidas por sua maestria em desmascarar a sociedade que morava no Rio de Janeiro no século XIX, consolidando o movimento realista na literatura brasileira.
    Estudar Machado de Assis é totalmente necessário se queremos entender toda a nossa como sociedade brasileira, complementando aulas de história com fatos que o próprio autor nos mostra, sobre quais eram os problemas enfrentados naquela época, que iam desde o parlamentarismo que estava sendo implementado no Brasil por D. Pedro II, além de problemas nas oligarquias, que, ao se modernizarem perdem o controle da mão de obra escrava, por uma lei que proibia o tráfico de negros em 1870.
    Com isso, os autores dessa época se inspiravam em ideias positivistas trazidas da Europa, determinismo histórico, socialismo utópico e socialismo científico, além do evolucionismo. Todas essas ideias estavam em alta na época, trazendo várias reflexões para aqueles que viviam nesse meio.
    Dessa forma, ao selecionarmos um livro como Memórias Póstumas de Brás Cubas, percebemos a riqueza que Assis constrói de uma personagem e sua sociedade, desde sua maneira de agir e pensar como um só ser, até o pensamento social.
    E ao demonstrarmos o quão verdadeira essa obra pode ser para um estudante do ensino médio, seremos capazes de ensiná-los, ao menos, como a sociedade se portou através dos anos, e como era tão importante esses pensamentos serem inseridos em obras literárias.
         Ao criar um narrador que resolve contar sua vida depois de morto, Machado de Assis muda radicalmente o panorama da literatura brasileira, além de expor de forma irônica os privilégios da elite da época.


DESENVOLVIMENTO

A reunião do grupo definiu o tema baseando-se na preferência de um autor que pudesse demonstrar um grande salto no mundo literário. Machado de Assis foi capaz de transpassar em sua obra características Realistas grandiosas que torna a obra mágica e ainda assim mostrando elementos do Modernismo. Destacando que Machado de Assis quebrou o paradigma de quantidade de capítulos, escrevendo mais de cem deles.
A obra, segundo Sérgio Buarque de Holanda(1944), um dos mais importantes historiadores brasileiros além de crítico literário e jornalista afirma:

O mundo de Machado é um mundo sem Paraíso, de onde uma insensibilidade incurável a todas as explicações que baseiam no pecado e na queda a ordem em que foram postas as coisas no mundo; seu amoralismo tem raízes nessa insensibilidade fundamental.

Depois da leitura de muitas críticas e filósofos que Machado de Assis mantinha leituras como por exemplo Blaise Pascal, conseguimos relacionar a questão de Machado colocar o homem a frente do tudo ou nada diante da precariedade humana expressa caoticamente frente a vida temporal.
O realismo aprofunda a narração de costumes contemporâneos da primeira metade do século XIX, quando os grandes criadores do romance moderno já se exibiam poderosos com seus dons de observação e de análise. Entretanto, é sempre válido dizer que as vicissitudes que pontuaram a ascensão da burguesia durante esse século foram rasgando os véus idealizantes que ainda envolviam a ficção romântica.
É então que revelam as malezas da vida pública e os contrastes da vida íntima, onde os escritores realistas tomarão a sério as suas personagens e se sentirão no dever de descobrir-lhes a verdade, no sentido positivista de dissecar os móveis do seu comportamento.
Assim, do Romantismo ao Realismo houve uma passagem do vago ao típico, do idealizante ao factual. Quanto à composição, os narradores realistas brasileiros também procuraram alcançar maior coerência no esquema dos episódios, que passaram a ser regidos não mais por aquela repreensão de caprichos que faziam das obras de Machado de Assis verdadeiras caixas de surpresa.


RESUMO DA OBRA

As Memórias Póstumas de Brás Cubas, criado como folhetim, são um romance considerado sobrenatural, como já dito pelo título é narrado por um defunto e o fato de haver uma conversa entre o mundo dos mortos e o mundo dos vivos, torna o livro sobrenatural diante da sociedade Romântica, lançando então o Realismo no Brasil ainda que tenha conseguido usar muitos estilos literários num mar de figuras de linguagem.   
Existe uma história pessoal envolvendo amores e desamores, desejos carnais num adultério e pecados do homem dentre tudo que envolve a vida de um ser vivo sendo contestado e analisado pelo indivíduo que já morreu como no momento em que Brás Cubas contempla seu próprio enterro.
O livro é dotado de ironia da elite privilegiada, densa constatação da escravidão e presença explícita das classes sociais. Memórias Póstumas de Brás Cubas nos fez pensar e repensar na forma que o narrador segue sua história com sua vida dependendo somente de como ele enxerga e nada mais. O Brás vivo é personagem da narrativa e vive uma existência marcada pelas futilidades sociais, pela volubilidade sentimental e pelo desprezo que manifesta pelos outros. O Brás morto é o narrador, que é capaz de expor sem nenhum pudor os próprios defeitos. Noções como verdade, ciência e razão são colocadas em discussão e relativizadas por Brás Cubas.
A narração vive numa viagem do mundo dos mortos para com o mundo dos vivos numa facilidade tremenda na qual o tempo e espaço do defunto não são definidos ou até mesmo seguem uma lógica cronológica nesse enredo sarcástico na qual o próprio protagonista morre tentando curar o mundo.
Quando o romancista assumiu, em Memórias Póstumas de Brás Cubas, o foco narrativo, na verdade passou ao narrador- defunto Machado- Brás Cubas a delegação para exibir, com o desejo dos que já nada mais temem, as peças de cinismo e indiferença com que via montada a história dos homens.
A revolução dessa obra, conforme Alfredo Bosi(1994) afirma que foi:

“uma revolução ideológica e formal: aprofundando o desprezo às idealizações românticas e ferindo no cerne o mito do narrador onisciente, que tudo vê e tudo julga, deixou emergir a consciência nua do indivíduo, fraco e incoerente. O que restou foram as memórias de um homem igual a tantos outros, o cauto e desfrutador Brás Cubas.”


De acordo com Alfredo Bosi (1994), foi com esse livro que Machado descobriu que o estatuto da personagem na ficção não depende, para sustentar-se, da sua psicologia imutável, nem da sua conversão em tipo; e que o registro das sensações e dos estados de consciência mas díspares veicula de modo exemplar algo que está além da persona: o contínuo da psique humana.
Logo de inicio a obra já surpreende: nos deparamos com um defunto autor que dedica seus escritos ao primeiro verme que roeu seu cadáver. Com isso, Machado consegue ironizar as melosas e costumeiras dedicatórias presentes no movimento literário anterior: o Romantismo. Somos guiados pelas memórias de Brás Cubas, nascido em uma família rica e, desde cedo, extremamente mimado. Personificação da classe burguesa da época, Cubas foi um homem ocioso de poucas realizações, amores vazios e grandes ressentimentos.
Por ser em primeira pessoa, Brás Cubas conduz a história como bem entende. Na obra, Machado deixa de lado o sentimentalismo e o moralismo superficial Romântico. Cubas conta todas as suas desventuras, seus preconceitos e mascara os seus fracassos. O aprofundamento psicológico do personagem nos permite julgar, por conta própria, o comportamento da elite brasileira e internacional. Mesmo sendo escrito em 1880, as temáticas abordadas continuam atuais.
Joaquim Maria Machado de Assis era filho de escravos que foram libertos, e foi um autodidata, aprendendo a ler e escrever quase que tardiamente. O que o levou ao seu sucesso literário foi o simples fato de que havia trabalhado em uma casa que funcionava como livraria, editora e tipografia.
Lá o autor conheceu os autores brasileiros Joaquim Manuel de Macedo, autor de “A Moreninha”, e Manuel Antônio de Almeida, conhecido por sua obra “ Memórias de um Sargento de Milícias”. Com esse contato Machado de Assis começou a publicar pequenas poesias, e, depois, resenhista dos debates do Senado usando uma linguagem sarcástica.


ANÁLISE LITERÁRIA

          Como esta história é narrada por um personagem que já morreu, seu ponto de vista é o de alguém que passou para o outro lado e não tem mais compromisso algum com os vivos e com qualquer preceito social. Ele narra de um ângulo que transcende o tempo e o espaço. Brás analisa a vida do lado de fora da esfera humana. Ele já rompeu o véu do desconhecido e agora tem uma visão onisciente de tudo.
       Como o protagonista não tem que agradar ninguém e não precisa tomar cuidado com suas palavras, ele apresenta um desprendimento moral e material absoluto; pode assim julgar sem paixão e isento da necessidade de assumir tal ou qual partido, essa ou aquela posição.  Brás está além das ilusões e das hipocrisias.
       O protagonista conta sua história à medida que se lembra dos eventos que se sucederam em sua existência. Ele mergulha no passado e medita sobre suas ações, comportamentos, avalia os amigos, os familiares e revela um ponto de vista sarcástico, hipócrita e desiludido de sua própria pessoa e dos que o cercam.
       É genial perceber que mesmo do outro lado Brás ainda tenta se enganar e em alguns momentos cede à tentação de desvirtuar os acontecimentos para não parecer inferior diante do leitor.



PLANEJAMENTO DE AULA

O planejamento da aula com duração de 20 minutos nos deixou de certa forma preocupados pela magnitude e intensidade da obra escolhida. Os mais de cem capítulos em tão poucos minutos poderiam soar como uma aula incompleta ou perdida.
A aula começaria com uma pequena introdução sobre o autor, seguindo da leitura do primeiro capítulo da obra pelos alunos, sendo perguntados as expectativas dos mesmos sobre a obra e o que acontecerá a seguir. Também seria questionado a dedicação feita na obra, onde o narrador “ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas.”
Com isso, a aula seguiria por uma breve explicação sobre a grandiosidade e importância de cada um dos personagens, e com as explicações seriam feitas perguntas para os alunos, buscando uma interatividade. Dessa forma, ao final da aula, seria pedido para fazer um resumo do que foi discutido durante a aula, e, juntamente com a participação de sala, seria assim avaliado se o aluno conseguiu usufruir da aula.
Com isso, quando o grupo apresentou a aula para os outros alunos da turma de letras e da professora orientadora do trabalho semestral, foi notificado que o tempo de duração da aula seria quase o dobro do que se esperava, para que os alunos elaborassem o resumo pedido.
Dito isso, o grupo se reuniu para poder reorganizar a aula e postar o plano de aula no blog da turma, finalizando assim, o plano de aula e focando na construção do relatório da aula.

CONCLUSÃO
   
A organização do planejamento de aula final, após vários encontros em grupo, foi consolidada da seguinte forma, tentando expressar a história de Brás Cubas de forma teatral; usando do pouco tempo, o forte conceito de trazer a magia de conquistar os alunos através do investimento do envolvimento da história para com eles; instigando os alunos a procurarem informações sobre o autor e que recorram a leitura do livro após a aula na qual  eles possam sentir liberdade de descobrir o universo machadiano por si próprios.
O propósito do ensino da obra de Machados de Assis no ensino médio é construir nesse jovens formadores de opiniões, um fácil entendimento de que é possível estudar e aprender sobre a nossa própria história através do estudo de obras que demonstram características fortes de época como Memórias Póstumas de Brás Cubas, trazendo então a esses jovens leitores a situação que o mundo se encontrava, os problemas sociais que se apresentavam e de fato tornando o conteúdo mais agradável ao ser relatado numa história que alguém contou, no caso o Brás.
Através da escrita, a maneira e a sutileza que Machado de Assis abordava certos tipos de assunto que não eram muito tocados na época por causa dos fatores históricos- sociais da sociedade que era, ali na obra, dilacerada.
    É por meio dos clássicos, como é o caso dos livros de Machado de Assis, que crianças e adolescentes passam a compartilhar referenciais linguísticos, artísticos e culturais que permitem a eles estabelecer vínculos com as gerações anteriores e se integrar à cultura.
















BIBLIOGRAFIA

BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. 43ª edição- São Paulo: Cultrix, 2008.
COSTA, Pedro Pereira da Silva. Machado de Assis. Rio de Janeiro: Edições IstoÉ, 2001. (A Vida dos Grandes Brasileiros-5)
MOISÉS, Massaud. A Literatura Brasileira Através dos Textos. 29ª edição- São Paulo: Cultrix, 2012.


WEBGRAFIA:


ASSIS, Machado. Memórias Póstumas de Brás Cubas disponível em< http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2038>
FACIOLI, Valentim, Um Defunto Estrambótico: Análise e interpretação das Memórias Póstumas de Brás Cubas. 2ª edição - São Paulo: Nankin: Edusp, 2008. Disponível em : <https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=VgNt7B1rDpYC&oi=fnd&pg=PA15&dq=mem%C3%B3rias+p%C3%B3stumas+de+br%C3%A1s+cubas+an%C3%A1lise&ots=9gv83IwzCa&sig=v-c5bwzFLmKaXNSRCGtHAj6PCfE#v=onepage&q=mem%C3%B3rias%20p%C3%B3stumas%20de%20br%C3%A1s%20cubas%20an%C3%A1lise&f=false >

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