Autores:
Ana Paula da Silva Ferreira RA:B75AJE-2
Beatriz Maria de Souza RA:B83AHB-7
Glízia Paulo de Menezes RA: B694FD-0
Marina Cassiano Pinto Palumbo RA: B7624A-0
Tiago dos Reis RA: B4094G-8
A Proposta e Aplicação da Língua Inglesa No Ensino Médio
INTRODUÇÃO
O
objetivo deste trabalho é apresentar e discutir o entendimento de futuros
professores de língua inglesa em relação ao letramento críticos e a práticas de
linguagens multimodais, assim como analisar as práticas de ensino adotadas em
um ambiente escolar de língua inglesa através da aplicação das teorias surgidas
do letramento crítico, em uma tentativa de observar possíveis resultados desse
processo na formação de alunos autônomos, críticos e socialmente ativos.
Os
resultados da análise mostraram que o letramento crítico constitui um passo
inicial na formação crítica e no engajamento dos alunos com questões de cunho
social, além de constituir claramente uma estratégia de motivação considerando
as aulas de língua inglesa.
Por
outro lado, os resultados também demonstraram que as atividades de letramento
crítico por si só não contribuíram de forma efetiva para a realização dos
objetivos linguísticos propostos. Tais resultados apontaram para a necessidade
de investigações sobre o papel do professor na língua inglesa na promoção do
letramento críticos e sobre os obstáculos enfrentados por esse profissional no
desenvolvimento das habilidades linguísticas de seus alunos.
DESENVOLVIMENTO
O
Ensino de Inglês como Língua Estrangeira no ensino público no Brasil tem como
documento oficial existente mais recente as Orientações Curriculares para o
Ensino Médio- Conhecimentos de Línguas Estrangeiras (OCEM-LE) (BRASIL, 2006). A
proposta do ensino de língua estrangeira tem como foco a leitura, prática
escrita e a comunicação oral, contextualizadas.
Os
profissionais devem se permitir o aprofundamento no estudo das orientações para
um trabalho mais sólido na questão metodológica, não trazendo a solução, mas
sim reflexões teóricas, levando em consideração a grande influência da
globalização. O aluno nos dias atuais, com o acesso a tanta informação e com a
tecnologia fortemente presente em sua vida, precisa ser norteado para que saiba
usar esse acesso intenso que lhe é dado para o entendimento da proposta da
língua estrangeira.
Mais do que reforçar apenas os
valores sociais do momento, valores que são, reconhecidamente, interpretados
pelo movimento econômico-cultural da globalização, entendemos que o objetivo de
um projeto de inclusão seria criar possibilidades de o cidadão dialogar com
outras culturas sem que haja a necessidade de abrir mão de seus valores. (MATURANA,1999)
Por
fim, o valor global e regional nos incentiva a pensar sobre o modo de vida
parecido ou diferente dos que vivem até mesmo perto de nós e o contrário
também, que aborda os que vivem em outros países e podem estar aproximados ao
modo de vida entre nós. As diferenças vivem bem mais perto do que as pessoas
clamam, as regiões são recheadas de diferenças e não necessariamente precisamos
sair de nossas cidades ou estados para vivenciar o modo de vida das pessoas e
suas diferenças.
Existe
uma dicotomia no ensino da língua estrangeira, levando em conta as diferentes
propostas entre uma escola regular e uma escola de idiomas. É de extrema
importância que, primeiramente, o profissional saiba diferenciar esses
objetivos para que seja possível suprir a expectativa dos alunos.
De
acordo com as OCEM-LE, o objetivo dessa disciplina busca a formação de
indivíduos por sua consciência social, criatividade, uma mente sem preconceitos
para novos conhecimentos até que seja concretizada uma reforma pessoal sobre o
entendimento no pensar e enxergar o mundo. O uso didático-pedagógico não isola
essas características citadas. Estimula-se um ensino que se preocupe com uma
cultura que permita compreender nossa condição e nos ajude a viver, e que possa
favorecer, ao mesmo tempo, um modo de pensar aberto e livre, onde são
relacionadas perguntas referentes à cidadania, promovendo uma compreensão e
reflexão sobre o lugar que esse aluno ocupa na sociedade e toda uma análise envolvida
nessas questões, que não é possível encontrar em uma escola de idiomas.
CONTEXTUALIZAÇÃO DO LETRAMENTO CRÍTICO
Antes que se fale em letramento crítico, no entanto, é
importante conceituarmos o termo letramento. Segundo Soares (2009, p.18), o
termo pode ser entendido como “O resultado da ação de ensinar ou aprender a ler
e a escrever; o estado ou a condição de quem adquire um grupo social ou um
indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita.” A autora, na
mesma obra, afirma ainda que para checar-se o grau de letramento de um
indivíduo, deve-se checar o uso que esse indivíduo faz da leitura e da escrita,
assim como as práticas sociais de leitura e de escrita das quais se apropria.
Soares (2009, p.19) ainda faz menção ao trabalho de
Justino Pereira Magalhães para apresentar o termo “literacia”, utilizado em
Portugal e mais próximo do inglês “literacy”, que seria a “utilização social da
escrita alfabética”. Diferente da concepção do termo em inglês, que se refere
tanto à nossa concepção de alfabetização quanto às práticas sociais decorrentes
dela, a palavra “letramento” apresenta diferenças fundamentais em relação à
alfabetização.
Enquanto a alfabetização determina que o indivíduo
aprendeu apenas a ler e a escrever, o letramento ocupa-se da apropriação dessas
habilidades pelo indivíduo e da incorporação de práticas sociais por elas
demandadas.
Street (2010,p.1) pontua que “[..] no Brasil, houve
uma objeção à visão estreita da aquisição do letramento – 22 representadas pelo
termo alfabetização- e o uso do termo letramento facilitou a referência aos
processos envolvendo os usos da leitura e da escrita em situações sociais.” Ao
observarmos que o letramento lida com o uso social da leitura e da escrita ou
com a condição de quem está socialmente em contato com essas habilidades, é
possível compreender que suas práticas são idelogicamente situadas, uma vez que
“ determinadas identidades associam-se a determinadas práticas” (STREET, 2010,
p.4).
Nessa perspectiva, e considerando que por uso social
da leitura e escrita entende-se que “fazer uso de diferentes tipos de material
escrito, compreendê-los, interpretá-los e extrair deles informações” ( SOARES,
2009, p.23), faz-se necessário que as práticas de letramento envolvam uma
interação do indivíduo com o texto no sentido de identificar questões sociais,
históricas e culturais nele presentes, e questionar os discursos dominantes na
sociedade da qual faz parte, visando à transformação desse indivíduo local e
globalmente.
De acordo com Monte-Mór, todos, através da história,
sofremos as influências das predominâncias de pensamentos, crenças, valores.
[...]
Aprendemos a valorizar o que era uno/uni e mono; a uniformidade – externa e
interna, desde a vestimenta até a maneira de pensar – a visão monolítica e a
linearidade −, enquanto um tipo de organização de raciocínio. Enfim, padrões
que convergiam para a possibilidade de controle. O que vem caracterizando as
últimas décadas, no entanto, vem a ser o fato de que a variedade, a
diversidade, a divergência, a pluralidade de crenças, pensamentos,
comportamento e valores tornam-se socialmente visíveis. (MONTE-MÓR, 2002,
p147-148).
Essa percepção da diversidade em oposição à
uniformidade, apresentado pela autora, delineia necessidades que impulsionam a
implementação do letramento crítico às práticas de letramento que conhecemos.
Segundo Morrell (2002,p.73), o trabalho com a pedagogia crítica implica que
“[...] aluno e professor aprendem um com
o outro enquanto engajam-se em diálogos autênticos que são centrados nas
experiências da juventude urbana como participantes e criadores da cultura
popular.” É possível compreender, portanto, que a educação crítica implica a
construção sócio colaborativa do conhecimento, pautada na transformação social
e na constante luta contra a opressão e as dificuldades geradas por diferenças
histórias, políticas econômicas e culturais.
Segundo os conceitos de letramento crítico no ensino
de língua inglesa no Brasil e mesmo após o novo enfoque voltado à abordagem
comunicativa, ainda assim se manteve um ensino distante de algo que faça
sentido para o aluno, pois a língua não é ensinada de forma a abranger a voz do
aluno, seus anseios, suas expectativas e leva-lo a participar no processo de
aprendizagem, conceitos estes essenciais para um letramento crítico.
Nessa perspectiva atual de alfabetizar letrando, urge
que busquemos alternativas para repensarmos em nossas práticas de letramento no
contexto escolar/social, trazendo para o ensino propostas que desenvolvam
competências e habilidades dos alunos, que além de possibilitarem que os mesmos
usem a leitura e a escrita em práticas sociais com autonomia e criticidade,
permitam-lhes acompanhar as mudanças e transformações pelas quais a sua
sociedade passa, agindo de forma participativa no contexto social em que se
inserem, podendo ir muito além ao enxergar uma nova maneira de ver o mundo
através do pensamento crítico aguçado e efetivo. Esses alunos serão o efeito de
uma possível mudança em suas casas e em suas famílias, oferecendo o
conhecimento e o pensamento reflexivo sobre o outro.
Na instituição escolar em que as práticas de
letramento estão vinculadas à realidade social, abre-se espaço para a
construção de novas identidades como seres críticos. Dessa forma, defendemos
projetos de letramento na perspectiva da prática social, sob a ótica da Análise
Crítica do Discurso, que desenvolva no aluno a competência de olhar
criticamente para a relação das práticas discursivas com as estruturas de
poder. O aprimoramento do educando como ser humano, sua formação ética, o
desenvolvimento de sua autonomia intelectual e também do seu pensamento
crítico, assim como a sua preparação para o mundo do trabalho e o
desenvolvimento de competências para continuar seu aprendizado.
O professor de língua inglesa tem como objetivo
principal permitir que seus alunos, através dessas aulas, possam se apaixonar
pela cultura e que a clareza do entendimento de que todos somos fruto de uma
determinada cultura e que nossa família possui uma história, assim como nossa
cidade, nosso estado e estendendo ao nosso país e então ao mundo. É necessário
quebrar as barreiras do entendimento nas vidas dos jovens adultos, para que
eles possam ser a chave da mudança num todo. O mundo não é algo inusitado, ele
é a união de todos que aqui vivem, logo, somos um grupo enorme de seres humanos
buscando a melhor e mais eficaz maneira de viver. A tarefa do professor é indicar os caminhos
que esses jovens podem seguir para mudar tudo aquilo que desejam, além de
ensiná-los a compreender que eles fazem parte de uma sociedade, e que cada um
tem um papel dentro dela.
BIBLIOGRAFIA
HEBERLE,
V. Multimodalidade e Multiletramento:
Pelo Estudo da Linguagem como Prática Social Multissemiótica. In: SILVA,
Kleber at al. (orgs.), A Formação de Professores de Línguas: Novos
Olhares. Volume II. Campinas, SP: Pontes Editores, 2012, p.83-106.
LANKSHEAR,C, MCLAREN,P. (eds.) Critical Literacy: politics, práxis and the
postmodern. Nova Iorque: State University of New York,1993.
LEFFA, V.J. Criação de bodes, carnavalização e cumplicidade. Considerações sobre o
fracasso da LE na escola pública. In: LIMA, D.C. (org.) Inglês em escolas públicas não funciona?
Uma questão, múltiplos olhares. São Paulo: Parábola Editorial,2011, p.
15-31.
LUKE, A. Two takes on the critical. In: NORTON, B. TOOHEY,K. (eds.). Critical Pedagogies and Language Learning.
Cambridge: Cambridge University Press, 2003, p1-10.
MATTOS, A.M.A; VALERIO, K.M. Letramento crítico e ensino comunicativo: lacunas
e interseções. Belo Horizonte: Revista Brasileira de Linguística Aplicada,
v.10, 2010, p.135-158.
MCLAREN,P. Critical Pedagogy: a look at the major concepts. IN: DARDER, A.
BALTODANO, M. TORRES, R.D. (eds.). The
Critical Pedagogy Reader. Nova Iorque : Routledge Falmer, 2003, p. 61-83.
SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. 2.ed. Belo Horizonte:
Autêntica, 2009.
STREET,
B. Políticas e práticas de letramento na
Inglaterra: uma perspectiva de letramentos sociais como base para uma
comparação com o Brasil. Texto baseado na apresentação: Associação Nacional
de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação-ANPEd:17 a 20 de outubro de 2012,
Caxambu, Minas Gerais.
TÍLIO, R.
Repensando a abordagem comunicativa:
multiletramentos em uma abordagem consciente e conscientizadora. In: ROCHA,
C; MACIEL, R.F. (Org.) Língua
estrangeira e formação cidadã: por entre discursos e práticas. Campinas:
Pontes, 1ªed. 2013, p.51-67.
WEBGRAFIA
BRASIL,
Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Orientações Curriculares Para Ensino Médio. Brasília: MEC, 2006. In:
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/book_volume_01_internet.pdf>Acesso em 1 de Maio de 2016.
SANTOS, R.R.P; IFA, S. O letramento
crítico e o ensino de inglês: reflexões sobre a prática do professor em formação
continuada. São Paulo: The ESPecialist, vol. 34, nº 1, 2013. In: < http://revistas.pucsp.br/index.php/esp/article/viewFile/19231/14311> Acesso em 1 de maio de 2016.